Falando com pais (08/07)

Publicado 8 de julho de 2021

“Muitas pessoas gastam dinheiro que não tem, para comprar coisas que não precisam, para impressionar pessoas que não gostam”

Will Smith 

Nesta edição do “Falando com Pais”, abordamos de forma prática sobre a importância da Educação Financeira para crianças e adolescentes.

A Educação financeira é importante para qualquer faixa etária. Programar-se diante da possibilidade de imprevistos, e para se ter uma vida mais organizada e tranquila deveria ser tarefa de todos. Quantas pessoas tem uma vida totalmente desorganizada com extensas dívidas em cartões de crédito, cheque especial, empréstimos, e outros, passando por infindáveis “dores de cabeça” para colocar as finanças em dia. Quem nunca passou por isso “que atire a primeira pedra”! Quando se fala em dinheiro é preciso muita atenção para que isso não se torne um problema. 

Podemos iniciar, definindo Educação Financeira como uma mudança de hábitos com a finalidade de organizar, valorizar, e multiplicar os recursos conquistados durante a vida, com vistas a se ter um futuro sem tribulações.

Quando nos referimos a crianças e adolescentes, queremos chamar a atenção, para que desde a mais tenra idade entendamos a importância do consumo sustentável e de se lidar de maneira consciente com as finanças sua e da família, administrando suas mesadas, dando valor ao trabalho dos pais, aprendendo a lidar com a aquisição de bens e consumo, pensando no uso consciente dos recursos naturais e na preservação do planeta para a sua e as futuras gerações. A ideia é apresentar de forma natural a visão do custo das coisas, e seu valor social e financeiro. 

Iniciar desde cedo os filhos na administração da casa, possibilitando dentro de suas capacidades a fazerem pequenas tarefas, tomarem parte das decisões, da receita, das despesas, das compras no mercado, dos gastos com a manutenção da casa, da educação, entre outros, vai criando neles o senso de responsabilidade. O objetivo final, é prepará-los para entender o funcionamento social, e a realidade que enfrentarão na vida adulta, tendo mais estabilidade nesse aspecto de suas vidas.

Adquirir novas competências não é algo fácil, mas necessário, especialmente essas que dizem respeito à Educação Financeira. Sempre ouvimos expressões como, “dinheiro não cai do céu” (Ganhar dinheiro); “quem poupa tem” (Planejar objetivos); “não ser pego de calças curtas” (Reservar com um propósito); “cuidar para as próximas gerações” (Consumir com consciência), “o que me sobra não me pertence” (Doar com empatia). Veja que o pensar em si, no próximo, e no planeta, estão englobados nas competências naturalizadas como fundamentais na esfera da Educação Financeira.

E por que iniciar precocemente a Educação Financeira? De acordo com o SPC Brasil*, 47% dos jovens entre 18 a 25 anos não faz controle de seus gastos. São 8,6 milhões de jovens inadimplentes no país. O maior motivo? Uso excessivo do cartão de crédito, e do cheque especial!

Algumas ações básicas podem ajudar a mudar essa triste estatística. Fazer compras, vestindo melhor, para durar mais, e ao final custar menos é uma delas. A sociedade nos ensina a comprar e substituir o tempo inteiro, desperdiçando recursos naturais e incentivando os gastos desnecessários e o endividamento. Que tal aprender a levar somente o necessário, e não cair em tentações de promoções e economizar mais?

Saber o valor dos impostos é outra. O IPTU, o IPVA, o imposto dos combustíveis, no supermercado, o imposto de renda…

E mais, como conseguir crédito, utilizar o cartão de crédito, cheque especial, como fazer, analisar e elaborar um contrato, habilidades de negociação…

A Educação Financeira é importante para crianças e adolescentes porque será através dela que pessoas que ainda estão em processo de formação vão aprender a gerir seus recursos da melhor forma possível, tanto para não enfrentarem problemas desnecessários, quanto para fazerem melhores escolhas durante a sua vida adulta. E é, justamente na fase entre 12 e 18 anos, segundo os especialistas em plasticidade cerebral e educadores, que o cérebro processa melhor estas informações, assimilando os hábitos saudáveis em sua rotina.

A escola tem como um de seus propósitos dedicar parte do tempo a ensinar aos alunos sobre temas relevantes para o cotidiano, inclusive em questões comportamentais. É a partir dos ensinamentos dados nesse ambiente que iniciamos e damos os primeiros passos da vida. Então, por que não aprender como lidar com o dinheiro que futuramente conquistarão? Por que não aprender a valorizar cada centavo a fim de prevenir minhas finanças de endividamento e garantir um futuro bem-sucedido?

Os Itinerários Formativos que estão sendo implantados no currículo do Novo Ensino Médio, têm como dois dos eixos, ligados às Ciências da Natureza e a Matemática, os Itinerários, Educação Financeira e Empreendedorismo, e Mundo Sustentável, com objetivos de tratar entre outros assuntos, a Educação Financeira. Assim, além de aprender saberes da base curricular cobrados nos exames, tem acesso a conhecimentos com uso prático no cotidiano desses alunos. Benjamin Franklin já dizia que “Investir em conhecimento rende sempre os melhores juros”, o que justifica, portanto, os anos de dedicação à escola, sendo essa uma das funções sociais da Educação. 

E se os motivos que listamos logo acima não foram suficientes para convencer de que Educação Financeira é fundamental em casa e na escola, saibam que a prática pode ir muito além do que simplesmente ensinar crianças e adolescentes a se organizarem financeiramente. Ela pode também estimular o desenvolvimento de traços comportamentais, como autocontrole emocional, disciplina, organização e planejamento, autoconhecimento, gestão e inteligência financeira, responsabilidade social, autonomia e independência.

Para que a criança consiga, de fato, desenvolver uma boa Educação Financeira, ela não deve depender apenas das escolas. É importante que o tema também seja desenvolvido desde o primeiro momento em que a criança pede aos pais um presente ou uma roupa nova, ou ainda numa visita ao mercado.

Algumas outras dicas são mais práticas, como fazer uma poupança para os filhos e mostrar a eles que é preciso guardar parte dos seus próprios recursos para o futuro (ainda que seja um objetivo de curto prazo), ou ainda administrando a mesada como recompensa de tarefas realizadas durante a semana para que sintam o valor das coisas.

Como já disse a empreendedora Natasha Munson que “O dinheiro, assim como as emoções, é algo que você precisa controlar para manter sua vida no caminho certo”.

Quando falamos sobre filhos, é fundamental ter em mente que nada ensina mais do que o exemplo. Assim, vale a pena incluir os filhos no planejamento financeiro da família, mostrar como ele funciona, de onde vem o dinheiro e o seu valor, e principalmente mostrando que a família tem um orçamento organizado.
* O SPC Brasil é uma empresa com o objetivo de processar e armazenar todas as operações de crédito realizadas pelas empresas.

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